16.1.08

Redentor

Ao som da ópera 'O guarani', o planalto central tremia. Numa espiral de elementos destroçados átomo a átomo, desconectados magicamente por uma força desumana, os olhos do rapaz viram algo dantescamente surreal. Um cogumelo podia ser visto da janela do seu quarto de hotel, onde, de uma hora para a outra, o dinheiro, o luxo, o fumo e o álcool tinham perdido importância. Vinha ali a onda que sublima corpos densos em questão de segundos, sem dar tempo a dor ou qualquer tipo de substância que queira se esmerar nas veias trêmulas de algo que já não é. Seguindo o exemplo de outras, as torres gêmeas brasilienses tombaram como o baque surdo de uma cadência elementar. Já não havia ali o símbolo do poder e da soberba humana. A destruição era plena e necessária. O que restava era o caos.