16.1.08

A andorinha e a palmeira

Eram os quadris que mais chamavam atenção naquele corpo. O contraste entre a cintura mínima e as ancas largas tornavam sua silhueta algo artístico. Vê-la nua era como observar um quadro cubista, com todos seus pequenos desalinhos perfeitamente harmônicos. Os seios jeitosos e rijos de uma mocidade exuberante não mediam mais que um palmo - ao contrário das pernas que, voluptuosamente carnudas, pareciam ter quilômetros. As mãos de uma meninice campestre (apesar da vida urbana), com algumas marcas e unhas curtas e um tanto ruídas não remetiam a uma menina delicada. Seus pés descalços com seus pequenos dedos se encolhendo de vergonha eram detalhes fascinantes. O modo como sua coluna deixava-se transparecer através da pele das costas, quando arcada, era de um todo sensual. E por tocar no sensual, sua púbis carnuda, quente como todas devem ser, parecia convidativa. Vê-la nua era como observar um espelho quebrado, com imagens retorcidas, exóticas. O cabelo sempre milimetricamente desarrumado dava ares casuais à moça. Os olhos pequenos perto das bochechas bem servidas eram notáveis em sua face que remetia a uma africana. Sua pele morena tornava-se ainda mais bela quando seus pequeninos pêlos negros arrepiavam-se. E assim permanecia horas a observá-la, enquanto ela dizia não saber o que se passava pela minha cabeça. Mal sabia ela que eu estava diante da maior obra de arte já feita.